Sunday, June 11, 2006

CRÓNICA 25
A SITUAÇÃO EM TIMOR 1-11 JUNHO 2006

Uma opinião sobre as minhas opiniões:
Sem dúvidas que estás a bater em muitos pontos certos. A corrente situação quanto a mim é anormal e tem muito a ver também com o facto de o Alkatiri ter sido o único até agora a fazer finca-pé à Australia na questão dos royalties do petróleo. Portanto, tornou-se "inconveniente".A Australia está a explorar as tensões internas da Fretilin para se desfazer dos elementos incomodativos. E claro, daí a exploração do papão das "lutas internas" e do "Leste vs Oeste" e outras coisas do género. Se bem que historicamente verdadeiras, nunca causaram ataques a Díli ou tentativas de derrubar o governo, nem nos tempos da outra senhora. Note-se que as revoltas desses tempos NUNCA causaram distúrbios destes em Díli ou ameaças à autoridade.É bem de notar por exemplo que o ACA ("A Current Afair", Canal 9), um programa de notícias aqui de Sydney, mandou ontem dois repórteres para filmarem os desmandos e saques em Díli. Fizeram-no, sem o mais pequeno problema, a falarem com os saqueantes DURANTE os ataques. No entanto, a tropa Australiana encarregada de manter a ordem, queixa-se de que quando chega aos locais da desordem já é "muito tarde" para apanhar alguém. Ora bem: os repórteres, conseguem filmar os desmandos. Mas a tropa chega muito tarde? Como?
Enfim,...Nuno Souto

2 Junho 2006
UOL/EFE- General australiano vai se reunir com líder timorense rebeldeINACREDITÁVEL. A Austrália é um dos poucos países democráticos no mundo que entrevista os desertores doutros países.

Se fosse noutro sítio, e dado que em Timor o governo foi democraticamente eleito (a ONU disse e eu acredito), prendia-se o Reinaldo e o Salsinha por terem incitado à violência, causado homicídios a forças policiais, criado o caos e tentarem deitar abaixo um governo democrático. Ainda me parece que um destes homens vai aparecer como futuro ministro do interior num governo fantoche criado pela Austrália como já fizeram nas ilhas Salomão.Pode ser que me engane mas só eu é que vejo isto ou todos têm medo de falar?Ninguém estudou as tácticas de desestabilização?
Imaginem que isto tudo se passava na Austrália, onde há um senhor primeiro-ministro (de quem não gosto) que tratou mal os refugiados e candidatos a imigrante, trata mal e porcamente os aborígenes (pior que os seus antecessores) e que acho que deve ser demitido e responder por tais crimes. Sabem o que me acontece? Vou de cana, vou dentro em menos dum segundo por atacar o senhor líder dum país, democraticamente eleito por uma maioria. Ninguém me entrevista nem quer saber a minha opinião. Porque é que em Timor TEM DE SER DIFERENTE?3 Junho 2006
Australian Press CouncilDado que os ataques continuam na imprensa australiana vou sugerir a todos que façam (eu não posso fazê-lo sem me demitir da AJA - Associação Australiana de Jornalistas...) é escrever para o Australian Press Council a fazerem queixa dos artigos mal intencionados e difamadores de Timor que têm aparecido.Para isso serve o Press Council:info@presscouncil.org.au or complaints@presscouncil.org.auPhone: (02) 9261 1930 or 1800 025712 Fax: (02) 9267 6826Mail: Suite 10.02, 117 York Street, Sydney 2000
Qualquer pessoa pode escrever, juntar o artigo que ofende e contestar o que está escrito e a cópia dum pedido de publicação de contestação ao artigo que ofende. A página de acesso é http://www.presscouncil.org.au/7 Junho Timor-Leste: Detenção de suspeitos violência causa tensão entre Camberra e Díli António Sampaio, da Agência Lusa
Díli, 07 Jun (Lusa) - A detenção de suspeitos pela violência em Díli está a causar tensão entre Camberra e Díli, com a Austrália a defender alterações na legislação de Timor-Leste e o governo timorense a rejeitar categoricamente tal proposta.A posição do governo australiano foi hoje divulgada pelo respectivo ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, que afirmou que o Parlamento de Timor-Leste tem que mudar a lei para permitir que polícias internacionais detenham suspeitos de violência."Enviar mais polícias para Timor-Leste não vai, automaticamente, resolver o problema. Para que o trabalho diário da polícia possa ser feito, terá certa mente que haver uma mudança na lei de Timor-Leste e isso terá que se fazer no Parlamento", afirmou.Uma ideia que foi hoje liminarmente rejeitada pelo ministra de Estado e da Administração Estatal, Ana Pessoa, que em declarações à Lusa acusou Downer de "não conhecer a lei de Timor-Leste"."Ele não conhece a lei em Timor-Leste, nem sabe que a lei não se muda assim. Não sei se no país dele é assim que se faz, mas quero acreditar que não", afirmou Ana Pessoa.Fontes do governo da Austrália explicaram à Lusa que Camberra insiste e m assumir o controlo dos "elementos associados ao processamento de detidos" visto que grande parte dos 106 agentes policiais australianos já em Timor-Leste trabalha na área de investigação criminal.No entanto, o governo e as autoridades judiciais timorenses insistem que a lei em vigor em Timor-Leste já prevê todo o enquadramento para detenção e tratamento de suspeitos, vincando que a opção é a de firmar protocolos "técnicos" com as forças internacionais no terreno."Não é cordial chegarem a que país for e dizerem: 'vamos lá agora fazer a investigação criminal à nossa maneira'. Isto não é feito à revelia do governo de Timor-Leste", considerou Ana Pessoa."O que se está a procurar fazer é ter protocolos de trabalho com cada uma das polícias, para tornar muito claro em que áreas é que actuam", disse a governante timorense."No caso da investigação criminal está claro que há um sistema judicial a funcionar, há uma Procuradoria, a direcção das investigações cabe à Procurado ria e as polícias têm que seguir os procedimentos e a lei em vigor" em Timor-Leste, sublinhou.A polémica surge numa altura em que já foi criado um centro temporário de detenção - a funcionar no antigo comando distrital de Díli da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) - para onde são transportados os detidos por soldados australianos.Segundo fontes judiciais, cerca de uma dezena de pessoas foram já detidas, tendo um deles sido ouvido por um juiz que lhe decretou prisão preventiva.No caso da GNR, que actua com base na legislação em vigor em Timor-Leste, os efectivos portugueses detiveram já três pessoas, das quais pelo menos uma foi igualmente ouvida por um juiz, que também decretou a prisão preventiva.Fontes judiciais explicaram à Lusa que o diferendo se deve ao facto do acordo que gere a entrada das forças internacionais em Díli "ser vago" em alguns destes aspectos e ainda às diferenças entre o sistema legislativo anglo-saxónico, da Austrália, e o sistema continental, que se aplica em Timor-Leste.Lusa/Fim
Blog Malai Azul Quinta-feira, Junho 08, 2006Vergonha. Shame on you. (1)
Os seguranças do Presidente da República entregaram as armas a militares australianos, que os desarmaram.Mas na Pousada de Maubisse, os soldados australianos nunca tentaram desarmar o Alfredo Reinaldo nem o seu gang, com os quais convivem alegremente. E hoje, puseram nas mãos de um dos desertores uma M16, para...lhe tirarem uma fotografia.E hoje, também, não permitiram que elementos da GNR fossem à prisão de Bécora entregar os detidos, sob ameaça de abrirem fogo, se não aceitassem ir desarmados. Não foram.

7 Junho Timor-Leste: GNR confinada a quartel, em causa permanência no terreno Díli, 07 Jun (Lusa) - A GNR está confinada ao seu quartel improvisado em Díli com ordens do governo português para não sair a rua devido a um bloqueio diplomático nas negociações com a Austrália sobre as cadeias de comando, disse fonte governamental.A decisão foi tomada depois de um incidente a meio da tarde de quarta-feira (hora local), quando a GNR transportava dois detidos para o novo centro de detenção temporária guardado pelas tropas australianas.Os militares australianos negaram-se a receber os detidos, questionando a legitimidade da GNR para proceder às detenções.De acordo com a fonte, o governo português decidiu suspender todas as negociações técnicas no terreno sobre a actuação da GNR e as formas de coordenação com outras polícias e os militares australianos.Neste momento decorrem negociações urgentes em Nova Iorque, disse ainda a fonte à Lusa, confirmando estar actualmente em causa a permanência da GNR em Díli, a não ser que Xanana Gusmão e o governo timorense clarifiquem a actuação da força portuguesa no quadro do acordo bilateral assinado ente Lisboa e Díli que garante à GNR autonomia operacional.PR/ASP Lusa/fim
Quarta-feira, 7 de Junho de 2006 20:18Mais um opinador que se cobre de ridículo. Por azar, escrevinhou estas linhas pouco antes do gravíssimo incidente ocorrido hoje entre militares australianos e elementos da GNR. Mas não deve haver motivo para preocupação, porque, segundo ele, tudo se resume a "uma certa arrogância australiana". Nada mais. E, também segundo ele, "Timor-Leste não é uma prioridade para a política externa australiana." O que faria se fosse...Hoje, uma patrulha da GNR deslocou-se ao centro de detenção provisória de Bécora, para entregar dois detidos ao juiz de serviço. Inexplicavelmente, foram impedidos de o fazer pelos militares australianos responsáveis pela segurança das instalações, alegando que eles não tinham autoridade para fazer detenções e inclusive ameaçaram abrir fogo se eles não se desarmassem ou fossem embora. Recordo que há uns dias os australianos tiveram um conflito semelhante os malaios, embora não com estas proporções, exigindo que eles se desarmassem à entrada do Parlamento.Espero desta vez ter ficado claro para os mais cépticos (ou ingénuos) quais as verdadeiras intenções da Austrália quanto a Timor. Tinha visto na TV, poucas horas antes, um desertor que ameaça o Estado com total liberdade de movimentos e protecção das forças australianas, bem armado, enquanto que agora os mesmos que protegem esse traidor viram os canos das armas para os portugueses, talvez por eles terem começado a fazer em 2 dias o que os australianos não fizeram em semanas - começar a fazer detenções e impor a ordem pública.Razão tinha o ministro dos Negócios Estrangeiros português quando recusou a subordinação dos militares portugueses aos australianos. Por isso eu aplaudi essa posição. Acho que ficou agora claro de que lado os australianos estão e quais são os seus planos para Timor. Ameaçam abrir fogo contra forças de um país amigo, se estas se opuserem aos seus desígnios, enquanto por outro lado não dispararam um único tiro desde que chegaram a Dili, para evitar as pilhagens, os incêndios ou as mortes. E a recepção eufórica que o povo dedicou aos portugueses também terá contribuído para a atitude desesperada dos australianos, mais própria de uma quadrilha de salteadores do que de militares disciplinados "de elite". Dir-se-ia que estão a ficar parecidos com os marginais que estão protegendo.Aguardo com ansiedade qual a reacção de Ramos Horta e Xanana Gusmão, que tanta graxa têm dado à Austrália nos últimos dias. Quero ver até que ponto têm um resto de orgulho e dignidade. Até que ponto é que deixam que uns badamecos armados mandem no seu país, só porque falam Inglês. Dessa reacção vai depender muita coisa daqui para a frente.O Estado português ameaça retirar a GNR e com razão. Se foi para isso que pediram ajuda a Portugal, então poderíamos ter poupado uns milhõezitos e eles nem chegavam a sair daqui. Portugal não é um país rico e não admitebrincadeiras deste tipo. Timor-Leste arrisca-se a perder um amigo, um aliado e então restar-lhe-á a alternativa de se entregar definitivamente nos braços do seu novo colonialista de expressão inglesa.Espero um protesto enérgico do governo português e que a Austrália arrepie caminho. Senão, as consequências serão muito mais graves ainda e muito sangue irá correr em solo timorense.Henrique Correia

DIÁRIO DE NOTÍCIAS Timor Leste pelo prisma da Austrália - Armando Rafael
http://dn.sapo.pt/2006/06/07/internacional/timorleste_pelo_prisma_australia.htmlAo contrário do que muitos portugueses - e até timorenses - tenderão a pensar, Timor-Leste não é uma prioridade para a política externa australiana.É certo que alguns editoriais e até artigos de opinião que têm saído recentemente na imprensa australiana poderão induzir o contrário, deixando depreender que Camberra gostaria de poder determinar (ou pelo menos influenciar) o que se passa em Díli. Mas não: Timor-Leste e a crise timorense só são determinantes para a Austrália na medida em que isso pode pôr em causa o equilíbrio das suas relações com a Indonésia e a estabilidade na região. Só isso. E nem mesmo a disputa em torno do petróleo parece ser tão relevante para os padrões de segurança locais.Quer se queira quer não, é isto que resulta da doutrina que domina a política externa e a política de defesa e de segurança da Austrália. Sem que se registem neste domínio grandes discrepâncias entre conservadores, como o primeiro-ministro, John Howard, e os trabalhistas que o antecederam, um dos quais até incentivou a Indonésia e o regime do presidente Suharto a invadirem Timor-Leste, em 1975. Em nome da estabilidade, a verdadeira obsessão de Camberra.E percebe-se porquê. Até ao final da década de 60, a Austrália pouco ou nada se interessou pela Ásia e pelos seus problemas, alinhando pela batuta dos EUA durante a Guerra Fria. O que só contribuiu para que a Ásia olhasse para Austrália como um "infiltrado" ocidental. Com tudo o que isso representa ou pode significar.Depois, tudo mudou. Designadamente com a queda do Muro de Berlim e com a derrocada do comunismo. A Austrália passou a assumir-se gradualmente como potência regional, tentando, como se tem visto nos últimos meses, estreitar relações com a China, Coreia do Sul, Índia ou Filipinas.Sem que isso altere a geografia ou as relações de vizinhança com o gigante indonésio, que é quatro vezes mais pequeno do que a Austrália, tendo, contudo, uma população 12 vezes maior que arrasta consigo diversas incompatibilidades e rivalidades.O que explica que instituições como o Australian Strategic Policy Institute [www.aspi.org.au] ou documentos como o Defense White Paper insistam na necessidade de Camberra ter uma política pró-activa na região, evitando que os conflitos da Papua Nova Guiné, das ilhas Fiji ou das ilhas Salomão "contaminem" a unidade indonésia, fazendo, por efeito de dominó, recrudescer as reivindicações independentistas de Aceh, Ambon, Bornéu ou Irian Jaya, território que reproduz uma situação idêntica à de Timor-Leste. Com a pequena particularidade de o lado ocidental da Papua Nova Guiné representar quase 20% do território indonésio e apenas um por cento da sua população.É sob este prisma que deve ser encarado o "interesse" da Austrália perante Timor-Leste. Para os australianos, o que conta não é Timor-Leste, mas a Indonésia e a estabilidade num arco geoestratégico que separa o país do continente asiático, numa altura em que a defesa e a segurança passaram a contemplar capítulos sobre a sida e o branqueamento de capitais.Daí que a Austrália não queira que Timor-Leste (ou a Papua Nova Guiné, as Fiji ou as ilhas Salomão) tenha forças armadas ou militares, preferindo apostar numa espécie de gendarmerie. Ou que Camberra tenha a noção de que não pode dar-se ao luxo de recorrer sistematicamente às suas tropas para pôr termo aos conflitos que se registam nestes Estados.Sob pena de isso só prejudicar as relações com a Indonésia, tida como a segunda das três principais prioridades da política externa australiana, num contexto em que a primeira incide sobre o relacionamento entre EUA e China e a terceira assenta na Papua Nova Guiné.O resto, incluindo algumas opiniões que têm sido publicadas, deve ser descontado no capítulo de uma certa arrogância australiana.

8 Junho Timor-Leste: António Costa desmente ordem de acantonamento da GNR Lisboa, 08 Jun (Lusa) - O ministro da Administração Interna, António Costa, desmentiu hoje que tenha sido dada ordem de acantonamento à companhia da GNR enviada para Timor-Leste e desvalorizou um incidente com tropas australianas ocorrido quarta-feira em Díli."A GNR não está acantonada, não houve instruções nesse sentido", disse António Costa, adiantando que é "natural" que durante a noite as acções de patrulhamento diminuam.Uma fonte governamental contactada pela Lusa tinha afirmado anteriormente que o contingente da GNR em Timor-Leste estava confinado ao quartel improvisa do em Díli, com ordens do governo português para não sair devido a um alegado bloqueio diplomático nas negociações com a Austrália sobre as cadeias de comando.António Costa sublinhou que não foi dada qualquer ordem acantonamento ao contingente da GNR, que, disse, está a cumprir a sua missão, e desvalorizou o incidente ocorrido a meio da tarde de quarta-feira (hora local).O incidente registou-se quando a GNR transportava dois detidos para o n ovo centro de detenção temporária instalado no antigo comando distrital de Díli da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e guardado pelas tropas australianas.Os militares australianos negaram-se a receber os detidos e ameaçaram desarmar os efectivos portugueses, questionando a legitimidade da GNR para proceder às detenções."O governo português não quer valorizar este incidente. A GNR está em Timor para prestar auxílio aos timorenses e não para ter conflitos com outras forças no terreno", disse o ministro.O ministro da Administração Interna reconheceu ainda a necessidade de melhorar os mecanismos de coordenação das diferentes forças no terreno.António Costa disse à Lusa ter já estabelecido contactos com as autoridades timorenses e australianas, a quem reafirmou a necessidade de "tão breve quanto possível" se encontrar a melhor forma de assegurar a coordenação, considerando que "é fundamental" para o bom desempenho da GNR e para evitar incidentes com o de quarta-feira.Segundo o ministro da Administração Interna, realiza-se hoje de manhã (hora local) em Díli uma reunião em que participam o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa timorense, Ramos Horta, representantes da GNR e das tropas australianas para analisar os acontecimentos de quarta-feira.A tensão entre a companhia da GNR e o contingente militar australiano é o mais recente incidente num ambiente de falta de coordenação entre as forças internacionais no terreno, evidenciada segunda-feira no Parlamento Nacional.Soldados australianos tentaram impedir a escolta malaia do presidente d o parlamento, Francisco Lu'Olo, de entrar no local, o que, segundo uma fonte do gabinete do responsável parlamentar, demonstra "uma descoordenação total".Uma situação idêntica tinha já ocorrido no domingo quando efectivos da Malásia tentaram ir ao complexo parlamentar recolher uma viatura da presidência do parlamento.CFF/ASP/PR. LUSA

8 Junho 2006 TRIBUNA LUSA
Normalmente nunca costumo ler os e-mails vindos da Tribuna da Língua Lusa, matando a notícia logo na nascença. Hoje porque o título me aguçou a curiosidade, li. E pareceu-me interessante.José Gomes
Os soldados da GNR em Timor foram bloqueados no quartel-general, como era previsível. Estamos perante uma situação perigosíssima.Ou Portugal toma uma posição clara e inequívoca perante a comunidade das Nações ou corremos o sério risco de os nossos rapazes serem chacinados em Timor.A verdade é que Timor foi invadida pelos australianos, que estão para ficar e declarar a falência do estado timorense.Portugal tem a obrigação de alertar a comunidade internacional para isso, que já é demasiado evidente.No dia 25 de Maio, reproduzi neste blog um interessante artigo que me chegou de fonte muito bem informada. Segundo essa fonte, estava em curso um golpe de estado em Timor, comandado pelo presidente do Banco Mundial, o falcão Paul Wolfowitz e pelos seus links indonésios e australianos.Wolfowitz foi embaixador dos Estados Unidos na Indonésia e tem relações privilegiadas com os serviços de inteligência de Jacarta, que, recentemente conseguiram penetrar no Departamento Australiano de Negócios Estrangeiros nos serviços secretos australianos (ASIS), usando esquemas de blackmail para descredibilizar pessoas importantes por alegado envolvimento em casos de pedofilia.Segundo esse artigo, a Woodside, a maior companhia de petróleo e gás natural da Austrália, teve recentemente uma disputa árdua com o governo de Timor.Aconteceu algo de semelhante, recentemente, no Curdistão, o que justificou um envolvimento de tropas australianas na região.O major Alfredo Reinaldo terá sido o homem contratado pelos australianos para lançar a confusão em Timor, visando a alteração dos contratos com a Woodside. Há informações que indicam que ele recebeu apoio e treino da parte de negociantes de armamento australianos, com ligações à administração Bush e a John Howard.Bush e Howard encontraram-se em Washington antes do início da rebelião, ao que parece para adaptar a Timor o modelo adoptado nas Solomon, depois de ali se ter provocado uma guerra civil.O modelo consiste em provocar uma rebelião, para depois oferecer assistência militar e deixar permanecer essa assistência até à exaustão dos recursos e à declaração de falência do Estado.Seria, a propósito, muito interessante saber quanto custa por dia a Timor a assistência fornecida pela Austrália.Sintomático é o facto de o primeiro-ministro australiano ter aparecido na televisão, logo num dos primeiros dias a pedir a demissão de Mário Alkatiri.E ainda mais sintomático é o facto de a mulher de Xanana o ter acompanhado, quando o marido guardava o mais veemente silêncio.Outra informação relevante é a de que Xanana Gusmão terá pedido apoio à Malásia depois de ter recusado uma oferta de «ajuda» pela Austrália. Ao que parece a reacção dos australianos foi a de forçarem a «ajuda» entrando no território contra a vontade do presidente timorense.Depois de terem entrado no território os australianos forçaram a aceitação da «ajuda» e condicionaram a entrada de outras ajudas, nomeadamente da Malásia e da Nova Zelândia.O que está a acontecer com a GNR era de todo previsível. Na lógica dos australianos, ou a GNR se coloca sob o comando australiano ou será considerada uma força hostil.O governo português deveria ter previsto isto mesmo. E deveria ter tido a sensibilidade para perceber que o que se passa em Timor-Leste é uma disputa pelo petróleo, em que participam, de forma activa e concertada a Woodside e diversas firmas do universo do ex-presidente Suharto, a ela aliadas e aliadas ao presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz.Num pequeno país como Timor o custo de uma rebelião é baixíssimo e altamente lucrativo, tomando em consideração o valor das reservas petrolíferas.Estamos, pela primeira vez no século XXI, perante um golpe de estado à velha maneira americana.Tenho poucas dúvidas de que os nossos GNR apoiados pelas tropas fiéis ao governo conseguiriam por termo à rebelião e garantir a ordem constitucional.Mas nada podem fazer contra o exército australiano que os chacinará se tentarem bloquear os rebeldes que a Austrália financiou.Hoje foi o primeiro aviso.Portugal Globa
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8 Junho 2006 Do Malai azul, um leitor escreveSOS AUSTRÁLIA ESTÁ A SUFOCAR DEMOCRACIA DE TIMORSalvem Timor dos australianosTal como este espaço escrevia na noite de ontem, eis que o evoluir da situação vem confirmar as nossas fontes. A GNR está a ser alvo desde a primeira hora de ameaças veladas das incompetentes tropas australianas. Este já é um cenário recorrente na estratégia de destruição de Timor-Leste por parte da vizinha Austrália. Em 1999 os soldados tinham ordens expressas para não afrontarem os indonésios. Com ele em Díli arderam mais de 20 edifícios fundamentais. Foi igual ao que hoje se passa.Estamos em 2006 e os australianos estão numa política desesperada para fazer cair o primeiro-ministro de Timor, de preferência até deixar que o matem. Entraram e não deram segurança ao primeiro-ministro e ao presidente do parlamento. Uma vergonha de uma premeditação.Só baixaram as orelhas quando as FALINTIL/FDTL mostraram estar ao lado das instituições democráticas, não deixando de mostrar a sua lealdade ao Governo e ao estado. Só aí os australianos perceberam que não era bem como eles pretendiam... e mandaram então segurança aos pilares do Estado de Direito.Foi para isso que lá entraram... mas não! O mundo sabe hoje quem é a Austrália, qual o seu papel. O mundo sabe hoje quem é a mulher australiana de Xanana Gusmão. Todos sabem, em especial os que em 1999 andavam com ela em Jakarta. Todos sabemos quem são os tipos e tipas dos serviços secretos australianos que se introduzem no seio da população timorense - trajando vergonhosamente mas dormindo no Hotel Turismo e no hotel Timor.A Austrália desde sempre tentou influenciar o rumo dos acontecimentos em Timor-Leste. Hoje fá-lo de forma armada.Protegem os rebeldes contra o estado de direito. Mas a culpa será só e apenas deles? Onde está o apelo de Ramos Horta e de Xanana Gusmão para que os australianos desarmem os rebeldes? Ainda não foi ouvido...Mas todos falam de queda e resignação de Mari Alkatiri. Mas ninguém fala de regresso à normalidade? Será que ninguém admite que as pessoas deslocadas ou refugiadas o continuam a ser por medo dos homens armados que estão em Maubisse e em Gleno/Ermera? A comunidade internacional tem de agir e acabar com esta palhaçada.Timor está ocupado militarmente pelos australianos, querem até alterar as leis para terem poderes. Timor-Leste está em perigo com a presença australiana.Salvem Timor-Leste dos australianos, eles são verdadeiramente os maus da fita, desde sempre!# posted by Malai Azul : 15:32 0 comments

PÚBLICO Quinta-feira, Junho 08, 2006 Entrevista com Gastão Salsinha: "Se os veteranos continuarem no Exército, haverá mais problemas"
Recebe-nos na área de Gleno, numa casa fora das estradas principais, onde chegamos levados por um contacto que nos esperou, de telemóvel em punho, num cruzamento depois da ponte. Dez minutos depois, avistamos um grupo de homens, todos com ar de menos de 30 anos, em volta de um murete que rodeia uma árvore de grosso porte. Cadeiras de plástico, azuis, já se encontram dispostas em semicírculo, no pátio da casa, para a entrevista. Respostas breves, parte em tétum, parte em português, que percebe, mas no qual não consegue exprimir-se bem. Gastão Salsinha, 32 anos, casado, quatro filhos, tenente das F-FDTL, porta-voz de 594 militares (num total de cerca de 1400), que se queixam de discriminação étnica. Entrevista dada a 72 horas de um encontro com o ministro da Defesa, José Ramos-Horta, que precederá um diálogo alargado entre militares, políticos, Igreja católica e sociedade civil com vista à resolução da crise.PÚBLICO - É o único [dos militares envolvidos no conflito que devasta Timor-Leste] que ainda não se encontrou com o ministro da Defesa. Quando o fará?GASTÃO SALSINHA - No próximo sábado.Qual a relação que há entre o senhor, com os seus homens, e os outros grupos, ligados ao majores Reinaldo, Tara, Tilman? Nós, peticionários, não falamos da parte política. O caso do major Alfredo tem a ver com os disparos das FDTL sobre os manifestantes, em 28 de Abril. Se não tivesse acontecido aquilo, ele e os outros majores não teriam vindo juntar-se aos peticionários. Mas vamos tentar encontrar uma só solução.Qual deve ser ela?Uma reestruturação total das FDTL. Se os veteranos continuarem, haverá mais problemas. Continuamos a respeitá-los. Foi com eles que chegámos à independência. Mas eles não aceitam nenhuma ideia vinda de nós.Não seria preferível juntar a experiência dos veteranos com a juventude dos mais novos?Só aprendemos com os veteranos como cortar um pé de palapeira ou o melhor local para cavar uma fruta no mato. O ministro Ramos-Horta já prometeu ir arranjar soluções para os veteranos. O Exército deve continuar a existir com duas unidades: uma de engenharia, para desenvolver acções cívicas; a outra para missões de paz. Assim não haverá confusões.Como é que vai ser feito o recrutamento, para evitar discriminações lorosae/ loromonu?Primeiro resolva-se o problema inicial. Depois veremos a forma de voltar a unir.Mas o critério principal não deve ser o da capacidade dos candidatos?Não só. Também por um perfil que assegure a unidade nacional.E quanto ao futuro do actual comando - brigadeiro Taur, coronéis Lere, Falur?Não podem continuar à frente das FDTL. O Governo devia colocá-los em função das respectivas capacidades.No último mês, o Estado desmoronou-se. Pensou alguma vez que podiam perder a soberania?Depois de o brigadeiro responder à nossa petição e decidir expulsar-nos, respondi que, se o Governo não resolvesse o problema, um dia haveriam de surgir coisas piores do que aquela. É muito triste, porque eles pensaram que éramos pequeninos e não inteligentes.Há quem acuse alguns dos peticionários de falta de disciplina e que terão usado o argumento da discriminação como pretexto. Acho que não é justo. Temos provas concretas da discriminação. Acções desse tipo surgiram ainda nós estávamos em Aileu (cerca de 2000). Muitos - entre eles o major Tara - podem dar disso testemunho. Fomos, entretanto, expulsos, mas não há qualquer base legal para isso.Está optimista quanto à resolução do problema?Estou. Tenho a certeza de que pode ser resolvido. Mas penso que só através do Presidente da República.Também defende que o primeiro-ministro deve ser demitido?Seria melhor ele demitir-se para alguém ir, por ele, resolver o problema.Quanto tempo dá a Xanana para isso?Está nas medidas de emergência: 30 dias.Já teve contactos com a Comissão de Notáveis [nomeada pelo Presidente para resolver o problema dos peticionários]? Que resultados?Encontrámo-nos com o seu porta-voz, o padre António. Fiz uma carta com seis propostas. Levaram-na, mas até hoje continuo sem resposta.Esta crise está em vias de ser solucionada?O único problema são as armas. Há civis armados que estão a recuar para as montanhas.Armados por quem?Pelo comité central da Fretilin. Temos indicações de que foram distribuídas armas a civis.Deixaram de receber os vencimentos enquanto militares. Como sobrevivem?É o povo que ajuda.Há quem diga que Timor-Leste se tornou um Estado falhado. Com todos estes grupos, a guerra lorosae-loromonu, etc., será que ainda é possível uma solução?O exemplo do Iraque, onde a situação é mais dura, mostra que há soluções. Nós temos cedido. Tudo aquilo que o Presidente Xanana e José Ramos-Horta disserem, este povo, de Manatuto até Oécussi, obedecerá. Mas duvido no que respeita à parte de Lorosae.Há então um problema loromonu/lorosae, em Timor-Leste? Consiste em quê?É um castigo de Deus.Não pode ser um pouco mais concreto? Onde é que está, hoje, em Timor-Leste, essa diferença entre uns e outros?Pergunto o que é que os governantes fizeram desde a independência. Pergunto por que é que o povo continua a sofrer.Já começaram a arrecadar receitas do petróleo.É verdade que temos riquezas, mas a realidade é que, desde Tutuala até ao Oécussi, o povo continua a sofrer e quem fica a saborear a riqueza é a cúpula. Já vamos em cinco anos de governo. As estradas que tinham buracos continuam a ter buracos. As casas queimadas continuam a ser queimadas. O Governo não fez nada de novo. A preocupação deste Governo é comprar armas para distribuir pelos seus militantes [da Fretilin].São constantes os elogios do Banco Mundial à gestão do Governo. Timor independente tem sido apresentado internacionalmente como um caso de sucesso.São análises feitas só em Díli. A vida no interior não condiz.Insistimos na questão lorosae-loromonu. Há dois Timores?Timor é só um. Resolvido o caso da discriminação [contra os militares loromonu], acaba o problema. Adelino Gomes, em Díli. Texto publicado na edição do PÚBLICO de 8-6-2006
9 JUNHO 2006 Televisão australiana denuncia «esquadrão da morte» em Timor-Leste. Ramos-Horta pede investigação O ministro timorense dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, José Ramos-Horta, pediu hoje uma investigação urgente sobre um alegado «esquadrão da morte» que teria sido formado para intimidar e eliminar opositores do primeiro-ministro e líder da Fretilin, Mari Alkatiri. A denúncia da existência do «esquadrão da morte» foi feita pelo canal televisivo australiano ABC, segundo o qual 30 antigos membros das Falintil (guerrilha timorense) terão sido recrutados e armados no início de Maio, pelo então ministro do Interior, Rogério Lobato, sob instruções de Mari Alkatiri.Em declarações à ABC, o primeiro-ministro rejeitou que a Fretilin tenha um grupo armado clandestino e que tenha ordenado a distribuição de armas a civis, afirmando que se trata de mais uma tentativa para o desacreditar.«Estão a tentar diabolizar a minha imagem. É a única coisa que posso dizer», comentou Alkatiri.Ramos-Horta admitiu ter ouvido rumores sobre a existência do grupo na semana passada, mas considerou-os «inacreditáveis». Em declarações ao canal australiano, afirmou: «É-me muito difícil acreditar que o nosso primeiro-ministro armaria civis, e em particular que lhes daria ordens para assassinar outros, independentemente de quem fossem». Mas considera que estes rumores devem ser alvo de uma investigação independente, conduzida por timorenses e peritos internacionais, por iniciativa do Presidente da República, Xanana Gusmão.A ABC mostrou imagens do grupo recolhidas durante a noite num local não identificado fora de Díli, vendo-se indivíduos com uniformes e armados. O alegado chefe do grupo, identificado como comandante Raylos, afirma que lhes foram dadas 18 armas e 6.000 cartuchos de munições, bem como veículos e uniformes.Segundo a autora da reportagem, jornalista Liz Jackson, os homens alegaram ter sido recrutados por Rogério Lobato, entretanto afastado do cargo de ministro, eleito recentemente vice-presidente da Fretilin pelo comité central do partido. Na lista de alvos, adiantou a ABC, estariam elementos dos militares rebeldes que se encontram na zona de Ermera e Maubisse e até militantes da Fretilin descontentes com a liderança de Alkatiri.20:14 9 Junho 2006
9 JUNHO 2006 MARCELO NINIO da Folha de S. PauloPremiê de Timor Leste nega que crise tenha raízes étnicas Há quatro anos a comunidade internacional --o mundo lusófono em particular-- saudou a independência de Timor Leste como uma vitória da liberdade, após os 27 anos de brutal ocupação indonésia que se seguiram à colonização portuguesa. Nas últimas semanas o minúsculo país, pior colocado no ranking do FMI (PIB per capita de US$ 400, último colocado entre 192 nações), mergulhou em uma crise que parecia empurrá-lo para a beira da guerra civil e da desintegração.O estopim foi uma rebelião de militares demitidos por indisciplina, mas em poucos dias a violência iniciada por eles tomou conta do país, principalmente da capital, Dili, convertendo-se em caos generalizado e dando margem a ataques de gangues que levaram o governo a pedir a intervenção de tropas estrangeiras.No centro do confronto está o premiê Mari Alkatiri, que aprovou a expulsão dos soldados em março, e cuja demissão é exigida pelos rebeldes para suspender os ataques.Em entrevista concedida à Folha em português irretocável Alkatiri, 55, descartou a renúncia, rejeitou as alegações de que a crise atual tem raízes étnicas e reconheceu que a herança institucional deixada pela ONU originou alguns dos problemas atuais. A seguir, trechos da entrevista, concedida por telefone, de Dili.Folha - Muitos culpam o sr. pela atual crise. Há dois dias uma multidão pediu sua saída em Dili. O sr. aceitaria renunciar se disso dependesse a volta à calma em Timor?Mari Alkatiri - Eu já ignoro essas exigências. Já respondi várias vezes a isso e não vou voltar a responder sempre que um grupo aparece fazendo exigências. Folha - Mas o que o sr. responde àqueles que o acusam pela crise?Alkatiri - Para fazer exigências as pessoas têm que fazer acusações. E essas acusações contra mim, me culpando pelos problemas do país, não são novas, vêm desde 2002. Primeiro depois de eu ser nomeado primeiro-ministro, por grupos que estavam à espera de participar do governo de unidade nacional. Se um pequeno grupo aparece com algumas centenas de pessoas em qualquer lugar do mundo e faz uma exigência e tem eco, a culpa não é minha. É daqueles que dão eco a essas exigências de grupos que nada representam.Folha - A demissão de 590 militares aprovada pelo sr. que foi o estopim da crise, foi um erro?Alkatiri - Em qualquer parte do mundo quem abandona o quartel tem que ser demitido. Aqui há um fenômeno político que se misturou com essa questão disciplinar. Aí, sim, podemos dizer que se tratou de uma forma demasiadamente superficial da questão. Em termos disciplinares a decisão não poderia ter sido mais correta. Em termos políticos tratou-se de forma pouco profunda da questão.Folha - E qual seria a análise certa?Alkatiri - A razão [da crise] é sempre a mesma. Aproximam-se as eleições de 2007 e ninguém tem dúvida de que o partido do governo voltará a ganhar, por uma margem ainda mais larga, então todos aqueles que continuam com ambições de mudar o governo perderam suas esperanças. Então, a violência é o caminho. Primeiro, para manchar a imagem do governo e ao mesmo tempo do partido. E a partir daí tentar a última chance para derrotar o governo. Folha - No auge da violência, o sr. disse que havia uma tentativa der golpe em movimento. Quem estaria por trás desse movimento?Alkatiri - As caras visíveis não vale a pena eu dizer quem, todos sabem quem são. As invisíveis vamos ver se conseguimos descortinar daqui para rente. Folha - As visíveis são os militares rebelados. E as invisíveis?Alkatiri - As visíveis são muitas, desde os ex-militares até os políticos que se escondem atrás deles. As invisíveis nós vamos descortinar.Folha - Uma outra queixa contra o seu governo é que o grupo formado em torno do sr., que permaneceu boa parte do período da ocupação indonésia fora do país, defende um projeto que não atende aos anseios de quem ficou no país, gerando ressentimentos. Há essa discrepância?Alkatiri - É uma queixa falsa, pois no meu governo só 20% estiveram fora do país. E se esse ressentimento existe, as pessoas insatisfeitas com meu governo não deveriam ter o receio de ir às urnas em 2007 para derrubar o governo por vias democráticas, não com violência.Folha - Há também alegações de entre as raízes da crise estão divergências étnicas entre o leste e o oeste.Alkatiri - Tenho certeza de que a crise é profundamente política. Uma tentativa de mudar o governo sem levar em consideração o que diz a Constituição, o que dizem as leis, porque não se tem coragem de respeitar o estado de direito e esperar as eleições. Se o problema fosse étnico já teríamos tido um banho de sangue, porque seriam centenas de milhares de pessoas em confronto, como na região dos grandes lagos, na África.Folha - Em artigo publicado no caderno Mais! no último domingo dois pesquisadores brasileiros afirmam que a adoção do português como língua oficial, apesar de ser falado por menos de 5% da população de Timor Leste, também gerou ressentimentos. Como o sr. vê a questão?Alkatiri - Quando se adotou o português em Angola e Moçambique também não era falado por mais de 5% ou 6% da população e nunca foi fonte de problemas. A verdade é que se realmente isso se tornou um problema é porque outros interesses que são estranhos ao país tentaram usar isso para criar problemas.Folha - Há quatro anos o mundo saudou a fundação de Timor Leste como uma vitória da liberdade. Agora o país parece estar se desintegrando em seu próprio caldo de divergências. A guerra civil ainda é um risco?Alkatiri - Eu nunca acreditei na possibilidade de guerra civil em Timor Leste. O povo não quer mais guerras. Para evitar isso é que nós pedimos a intervenção de forças internacionais. Agora muito menos acredito que possa haver uma guerra civil. Há uma disciplina no seio do partido do governo, a liderança conseguiu conter que os simpatizantes do governo saíssem às ruas e se confrontassem com as minorias. E continuamos a conter isso. Ainda ontem (terça-feira) houve uma manifestação com poucas centenas de pessoas. Se não tivéssemos contido os apoiadores do governo teríamos no mínimo 5, 10 mil pessoas nas ruas para fazer contramanifestação. Até aqui temos conseguido fazer isso e evitar um derramamento de sangue.Folha - E uma possível guerra civil.Alkatiri - Claro.Folha - O chanceler de Portugal disse que divergências entre o sr. e o presidente Xanana Gusmão estavam ajudando a piorar a crise. Como estão suas relações?Alkatiri - Como se sabe, hoje em dia a informação pode criar fantasmas. Esse é um dos fantasmas que a mídia criou: na base da crise estariam divergências entre o presidente Xanana e eu. Nada é mais falso. O que se pretende é criar uma razão política profunda para a crise e a melhor forma é colocar o presidente contra o primeiro-ministro. Isso é falso, desminto categoricamente.Folha - O presidente Xanana assumiu atribuições que eram do sr., como a segurança. Isso não teria reforçado a suspeita de divisão?Alkatiri - O presidente Xanana Gusmão, em conjunto comigo, com o governo e com o Parlamento, definiu o mecanismo de coordenação mais estreito entre os órgãos de soberania para a área de Defesa. Isso é constitucional. Não tem nada a ver com retirar poderes. Naturalmente que alguns círculos preferem ver isso como parte de uma luta de poder. Mas seu eu parto do princípio de que não há luta de poder entre nós, eu sou o primeiro a defender maior coordenação entre as instituições, não me sinto reduzido em nada. Folha - A fragilidade institucional deixada pela administração da ONU facilita o surgimento de crises? Olhando para trás o sr. acha que a reconstrução do país deveria ter sido diferente?Alkatiri - De modo alguma. Acho que aqui e acolá [a reconstrução] poderia ter sido melhor. É preciso não esquecer que este país teve um conflito bastante longo e embarcou numa política de reconstrução nacional extremamente ousada e abrangente. Nossa polícia foi constituída pelas Nações Unidas, com toda a filosofia da ONU, em que todos são cidadãos, todos devem ter a possibilidade de ser recrutados. Não importa se lutaram contra a independência ou a favor da independência no passado, todos têm os mesmos direitos. E foi essa instituição que nós herdamos. Naturalmente que todos os cidadãos têm direitos, mas em qualquer parte do mundo há critérios para definir a escolha dos membros para as forças de defesa e segurança, e mesmo para os quadros diplomáticos. São três setores onde os critérios são geralmente mais rigorosos, para poder garantir a solidez do Estado. Aqui não, nós optamos pela reconciliação, pela pacificação do território, e avançamos com critérios mais abertos. Mas isso foi a herança que nós recebemos das Nações Unidas e nós procuramos trabalhar da melhor forma possível com ela. Há espaço para mudanças. As Nações Unidas falharam e nós falhamos por termos respeitado a liderança [da ONU].Folha - Hoje o sr. acha que seria melhor não ter respeitado a liderança da ONU?Alkatiri - Se tivéssemos mudado algo teríamos sido imediatamente condenados por violação dos direitos humanos.Folha - A pressão para que o sr. renuncie continua. Em que circunstâncias o sr. aceitaria deixar o cargo?Alkatiri - Esqueça essa pressão, porque eu ignora-a. Renúncia eu não aceito. Ir para as eleições e meu partido perder tudo bem. Isso eu aceito porque sou um democrata.Folha - O sr.tem mantido contato com o governo brasileiro, gostaria que o Brasil ajudasse de alguma forma?Alkatiri - Mantemos contato através do embaixador aqui e da CPLP. O Brasil é um país irmão, um país amigo, com história comum e identidade cultural, por isso uma participação do Brasil em situações difíceis como esta seria ótimo. Temos que encontrar o formato legal para isso.Folha - Tropas brasileiras seriam bem-vindas?Alkatiri - Neste momento achamos que tropas talvez já não sejam necessárias. Estamos pensando em uma polícia robusta, forte, para a segunda fase da estabilização. Nisso o Brasil talvez possa ajudar.Folha - O sr. fará um pedido formal ao Brasil?Alkatiri - Estamos em contato com a ONU para ver qual o melhor formato para isso.Folha - O comandante das tropas australianas enviadas a Timor disse que alguns dos ataques foram orquestrados. Quem estaria por trás? A Indonésia?Alkatiri - Seria preciso perguntar a ele, mas não há dúvida de que as ações foram muito bem planejadas e muito bem executadas. Mas não acredito que o governo da Indonésia esteja por trás disso. A Indonésia tem sido solidária com Timor Leste.Folha - Quais as lições desta crise?Alkatiri - Todos nós aprendemos muito com essa crise e eu espero que possamos fazer o melhor com esse aprendizado. A governação nesses quatro anos tem sido saudada de forma unânime pela comunidade internacional, por instituições como Banco Mundial e FMI, uma governação transparente, competente. No entanto, falhamos em alguma coisa para isso ter acontecido. Precisamos ter modéstia suficiente para ver onde falhamos e corrigir.Folha - Qual foi a principal falha? Alkatiri - Minhas idéias são minhas, prefiro partilhar com outros para que não pensem que a minha é a única verdade.
Expresso 10.06.2006OS NÚMEROS de telemóvel dos três juízes, dos dois procuradores e do defensor público que nunca chegaram a ser evacuados de Díli foram entregues pessoalmente no dia 29 de Maio ao major australiano responsável em Timor-Leste pelos assuntos judiciais. Todavia, a força de 1900 militares que o Governo de Camberra enviou para o território esteve seis dias sem fazer uma única detenção nas ruas, naquela que foi a semana mais crítica em Díli, com incêndios, tiros e batalhas campais de pedras em vários bairros da cidade.De acordo com um dos procuradores, os magistrados deslocaram-se naquele dia ao quartel-general das tropas australianas para informarem o oficial da sua disponibilidade para trabalhar 24 horas por dia. Disseram-se disponíveis para se deslocarem em equipa a qualquer lugar, assegurando sempre que fosse necessária a presença de um juiz, de um procurador e de um defensor, de modo a procederem ao auto de notícia, ao inquérito e à elaboração do mandado de captura no momento das detenções.Mas a primeira detenção acabaria por ser feita apenas no dia 5 de manhã pela GNR, menos de 24 horas após a chegada do contingente português a Díli e ainda sem as suas viaturas de intervenção. Já depois, nessa tarde, os australianos fizeram também a sua primeira detenção.Alguns magistrados que decidiram ficar, apesar de lhes ter sido dada ordem de evacuação pela ONU, manifestaram-se «revoltados» pelo facto de terem sido ignorados durante tanto tempo, considerando que a posição australiana durante a primeira semana de intervenção pôs em causa a imagem e a solidez do estado de direito em Timor-Leste. Um sentimento agravado pela proposta australiana de alterar a lei timorense, de modo a adaptar os procedimentos legais das detenções à realidade judicial australiana e que acabou por ser afastada pelas autoridades timorenses.Também a falta de apoio dada pelas forças internacionais na segurança aos edifícios dos tribunais e da Procuradoria-Geral é encarada com perplexidade nos meios judiciais de Díli. O Tribunal de Recurso (equivalente ao nosso Supremo Tribunal de Justiça) foi vandalizado, tendo sido destruídos os gabinetes do presidente e do legislador e roubados todos os computadores e mesmo os frigoríficos.A Procuradoria-Geral da República também foi assaltada, sendo que o caso se tornou mais grave: foram levados ficheiros relativos aos processos-crime das milícias pró-indonésias de 1999. E nem o Ministério de Justiça escapou. O único edifício que ainda se mantém intacto é o Tribunal Administrativo de Díli, onde tem sido a própria ONU a pagar a uma empresa privada (Maubere) a vigilância. Quando o EXPRESSO passou por lá, na quinta-feira, havia um único jovem, franzino e desarmado, a guardar a porta.Cláudio Ximenes, presidente do Tribunal de Recurso, confirmou ao EXPRESSO que foi feito um pedido às forças internacionais para assegurarem a protecção dos edifícios ligados ao aparelho judicial, mas a resposta foi de que não havia meios suficientes em Díli para o fazer.Um dos magistrados que continua em funções não quis identificar-se para evitar uma escalada ainda maior da tensão institucional, mas acabou por desabafar: «Parece-me que a ocupação australiana de Timor vai ser tranquila, fatal e definitiva».10 Junho 2006 DN - Austrália entrega à ONU justiça e polícia em TimorArmando RafaelA Austrália entende que o Estado timorense falhou e que as autoridades de Díli não estão em condições de recuperar o controlo do país. Pelo que deveria ser a ONU a liderar o processo de reconciliação, ajudando a credibilizar as principais funções do Estado, de forma a poderem ser convocadas eleições para Maio do próximo ano.O que pressupõe, entre outros aspectos, que a polícia timorense pudesse ser comandada por um oficial estrangeiro, à semelhança do que sucederia com o aparelho judiciário do país. Mesmo que fosse necessário recorrer à nomeação de juízes, procuradores, defensores públicos e até oficiais de justiça internacionais. Já quanto à estabilização, Camberra entende que as forças envolvidas nesse esforço deveriam manter-se sob comando e controlo do contingente internacional, recusando o chapéu da ONU.É isto que resulta de um documento confidencial australiano a que o DN teve acesso - East Timor: A Future UN Mission - e que deverá servir como documento-guia para Camberra no âmbito da definição de uma nova missão da ONU para Timor-Leste.Esse debate deverá começar na próxima terça-feira, quando o Conselho de Segurança se reunir, em Nova Iorque, para apreciar as recomendações que o secretário-geral da ONU se prepara para fazer. Sendo certo que Kofi Annan irá basear as suas opiniões no relatório que Ian Martin - o seu enviado especial a Timor-Leste - lhe fará chegar.Isto, independentemente das consultas que vier a fazer a países como Portugal, Austrália, Malásia e Nova Zelândia (que responderam ao apelo de Díli, enviando contingentes militares e policiais), além dos membros permanentes do Conselho de Segurança. Sobretudo os EUA, sobre os quais recairá grande parte dos custos de uma eventual nova missão.É neste quadro que surge o documento australiano, que terá sido entregue às autoridades timorenses no decurso da visita que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, fez recentemente a Díli.Um exercício que tem tanto de diplomacia como de realismo, já que as autoridades de Díli terão sempre uma palavra a dizer sobre o grau de intervenção da ONU. Salvo uma situação extrema em que os principais responsáveis do país (Presidente da República, Governo e Parlamento) não se entendessem entre si.No documento a que o DN teve acesso, a Austrália resume o essencial das suas posições a três prioridades, que, no entender de Camberra, deveriam nortear a nova missão da ONU: reconciliação política e comunitária, sistema de justiça e estrutura governativa.No que respeita à reconciliação política, Camberra defende, por exemplo, que a nova missão deveria prever um esforço especial no domínio das relações intertimorenses, insistindo na necessidade de serem investigados os distúrbios que ocorreram em Díli, no final de Abril, e as queixas que provocaram "deserções em massa" nas forças armadas.Por sinal, duas das principais reivindicações dos majores Alfredo Reinaldo, Marcos Tilman e Alves Tara e dos "peticionários" liderados pelo tenente Salsinha, que passaram a insistir também na demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri.Quanto às Falintil - Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), comandadas por Taur Matan Ruak, só há uma referência: a que prevê a hipótese de a nova polícia poder ser formada com aquilo que resta das forças armadas e de uma estrutura policial que, segundo os australianos, entrou e em colapso. O que parece ser verdade em Díli e Ermera, mas não no resto do país.
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A polícia, as leis, a justiça, tudo nas mãos de estrangeiros... só? Não querem mais nada? Isto vai bem
Henrique Correia 11 Junho 2006
Blog Azul 11Junho 2006
Dos leitoresSe aí nevasse fazia-se aí ski. Aí não neva mas há tropas estrangeiras a protegerem bandidos armados, desertores e golpistas que abertamente advogam a dissolução do Parlamento Nacional e a demissão do Governo.É preciso que as tropas estrangeiras regressem para a sua terra e que seja uma força da ONU a zelar para que a normalidade constitucional e a vontade dos cidadãos se mantenha e o povo possa com normalidade manifestar-se como previsto em 2007.# posted by Malai Azul : 00:36 0 comments Porque se dá importância a um deputado de um grupo parlamentar que tem 2 deputados e que exige uma revisão constitucional?Porque é que todos os dias aparecem estes rebeldes holiwoodescos?Porque é que não se desarmam estes senhores e se desarmam os seguranças do Chefe de Estado? Porque é que o Reinaldo tem uma escolta de SAS australianos?Porquê?E já agora, que intelectuais?
# posted by Malai Azul : 00:27 1 comments
Timor-Leste: Xanana Gusmão encontra-se hoje com Gastão Salsinha - Marcos Tilman Díli, 11 Jun (Lusa) - O Presidente Xanana Gusmão deverá falar hoje com o porta-voz dos 595 subscritores da petição que espoletou a actual crise político-militar em Timor-Leste, disse à Agência Lusa o major Marcos Tilman, um dos militares rebeldes.Contactado telefonicamente a partir de Díli, o major Marcos Tilman confirmou que o encontro se deverá realizar em Balibar, na residência particular de Xanana Gusmão."Estivemos reunidos sábado, eu, o major Alves Tara e o tenente Gastão Salsinha a preparar este encontro", precisou.A Agência Lusa contactou o gabinete do Presidente da República, que se escusou a confirmar a realização do encontro.Xanana Gusmão já se tinha encontrado a 13 de Maio com o major Alfredo Reinaldo, líder dos militares rebeldes e, na sequência da manifestação organizada pelo major Alves Tara, falou com este último a 06 de Junho.Na ocasião, o major Tara entregou ao chefe de Estado um documento em que os manifestantes, reclamando representar os 10 distritos "loromonu" (da parte ocidental do país), exigiam no prazo de 48 horas a dissolução do parlamento e a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, com a formação de um governo de transição, a quem caberia a organização de eleições antecipadas no prazo de seis meses.Hoje, nas declarações que fez à Agência Lusa, Marcos Tilman salientou que decidiram "esperar o tempo que o Presidente precisa para tentar resolver a situação".Questionado sobre quanto tempo mais vão esperar, respondeu que "não há uma data precisa. Ele (Xanana Gusmão) não deu um prazo, pelo que aguardamos pelas suas indicações".Entretanto, Marcos Tilman confirmou ainda que militares australianos se mantêm junto dos seus homens, e desmentiu que esteja em curso qualquer processo de entrega de armas."Nós não vamos entregar as nossas armas. Quanto aos australianos, eles estão a coordenar connosco os nossos movimentos", acrescentou.A reunião de Xanana Gusmão com Gastão Salsinha, e as anteriores que o ministro da Defesa (pasta que acumula com a dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação), José Ramos Horta, manteve com os militares rebeldes visa preparar a realização de um "encontro de todas as partes envolvidas" para a resolução da crise político-militar, disse à Agência Lusa outra fonte ligada ao processo."Este processo é liderado pelo Presidente e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros", frisou fonte do gabinete de Ramos Horta.Questionada sobre quando se realizará o encontro com representantes de todas as partes militares envolvidas, a mesma fonte salientou "que têm que ser dados mais uns passos", não se querendo comprometer com datas.Entretanto, a situação em Díli continua a ser marcada pela ausência de incidentes.De acordo com números divulgados no final da semana pelo governo timorense, entre 70 e 80.000 pessoas continuam refugiadas nos 55 campos de alojamento transitórios distribuídos pelo distrito.O país vive uma situação de instabilidade e violência desde o final de Abril, que já provocou mais de 20 mortos e de 100 feridos, o que levou as autoridades timorenses a solicitarem a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia o envio de forças militares e policiais para restabelecer a segurança no país.A crise começou a desenhar-se quando uma manifestação convocada por 595 elementos das forças armadas, subscritores da petição a alegar práticas discriminatórias no seio da instituição militar, degenerou a 28 de Abril passado em confrontos violentos.Portugal mantém 127 efectivos da GNR, que iniciaram este fim-de-semana a sua missão de manutenção da ordem pública no bairro de Cômoro, que será progressivamente alargada a toda a capital timorense.EL. Lusa/Fim

Blog Paulo Gorjão 11 Junho 2006

BLOCO DE NOTAS[855] -- Actualizado ao longo do dia.1. O que é que aconteceu ao enviado especial do DN a Timor-Leste que há dois dias que desapareceu? Como o jornal -- aliás como todos os jornais -- não tem o hábito de explicar aos leitores determinadas decisões da sua vida interna resta-nos especular sobre o que é que terá acontecido. [12:28]2. Começa a tornar-se difícil seguir os acontecimentos em Timor-Leste. Não há dia em que Mari Alkatiri e José Ramos-Horta não concedam pelo menos duas ou três entrevistas a diferentes órgãos de comunicação social...Quem disse que os timorenses não sabem utilizar de forma perfeita os media? É sobretudo nesse plano que actualmente a batalha política se está a travar. [12:33]
# posted by PG : 02:38
BLOCO DE NOTAS[851] -- Actualizado ao longo do dia.1. Relativamente aos acontecimentos de Timor-Leste, tem sido largamente ignorado pela comunicação social portuguesa que, para além da Austrália, há outros actores a seguir tudo com muita atenção. É o caso da Indonésia (ANTARA, 7.6.2006) e da ASEAN em geral. Importa seguir com atenção a questão deste prisma, até porque poderá haver novidades em breve. [00:49]2. Outra coisa que a comunicação social portuguesa tem esquecido -- e não devia -- é os motins de 4 de Dezembro de 2002 em Díli. Houve, supostamente, pelo menos dois relatórios sobre os acontecimentos -- um do Governo de Timor-Leste e outro da ONU. Nunca foram divulgadas, que eu saiba, as conclusões. Talvez agora se possa saber alguma coisa? [00:52]3. A Austrália, evidentemente, não vê com bons olhos a presença da GNR em Timor-Leste. A estratégia australiana é muito clara: depois desta fase inicial de atrito, Camberra vai aumentar significativamente o seu contingente policial para diluir o peso da GNR e, de seguida, enquadrar a componente policial da intervenção -- mas não a militar -- ao abrigo de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Será uma questão de tempo até que a GNR, ao serviço da ONU, fique sob comando unificado... australiano! [00:59]4. Já disse e volto a repetir: não fala grosso quem quer, fala grosso quem pode. Quando um ministro esquece este princípio elementar está aberto o caminho para uma humilhação. [02:05]5. Nos países a sério, os militares e os diplomatas na reforma costumam desempenhar o papel de consciência crítica. Na prática dizem aquilo que os seus colegas no activo não podem nem devem dizer.Em Portugal, na área da defesa, Loureiro dos Santos desempenha parcialmente esse papel. Na área diplomática, infelizmente, ninguém tem uma função semelhante. [02:09]6. Caro João Morgado Fernandes (FRENCH KISSIN', 8.6.2006), pensava que era assim que deveria ser em qualquer espaço de análise (blogue, coluna de jornal, ou o que quer que seja), i.e. criticar quando se entende que existe alguma coisa para criticar e elogiar quando se entende que há alguma coisa para elogiar. Pelos vistos, tal surpreende-o. A mim surpreende-me que o surpreenda. Adiante.O tal não-acontecimento a que se refere são os inúmeros incêndios que ocorreram esta semana, muitos deles totalmente fora do controlo dos bombeiros durante horas a fio. Incêndios, pelo menos alguns, onde foi nítida a falta de meios. Enfim, coisas que não era suposto acontecer este ano, prometia o discurso oficial.O tal não-acontecimento -- embora não tenha tido direito a grande destaque na capa ou direito a editorial -- curiosamente teve direito às duas páginas nobres do DN de ontem. Leu o jornal, presumo? [10:43]7. Caro João Morgado Fernandes (FRENCH KISSIN', 8.6.2006), vamos lá ver se conseguimos trocar pontos de vista sem nos chatearmos. Sim, na minha opinião, António Costa tem sistematicamente boa imprensa. Sim, Freitas do Amaral sempre teve mau acolhimento entre os blogues, salvo raras excepções. Dito isto, não me coloque palavras no teclado que não escrevi. Acho muito bem que faça de watchdog em relação aos blogues se lhe apetecer. Mas se não lhe apetecer tal não me retira o direito de o fazer em relação à imprensa. Umas vezes bem, outras vezes mal, certamente. Mais. Sobre as insinuações, caro João, peço desculpa mas não lhe reconheço especial autoridade para falar sobre o assunto, até porque, porventura, as insinuações estão nos olhos de quem lê e não nas intenções de quem as escreve. Adiante. Quer um exemplo?# posted by PG : 00:49

11 JUNHO Blog Malai Azul # posted by Malai Azul : 00:27 1 comments Dos leitores..."Time is the most dangerous weapon, that can kill people. We need that decision now".O rapaz está a ficar nervoso e farto do retiro em Maubisse. Anda abertamente há pelo menos mês e meio nestas fitas, cometendo crimes hediondos, inclusive contra os seus camaradas de armas, sente agora que o "time" lhe está a faltar...Receia ele agora que o Conselho de Segurança da ONU pode retirar-lhe o tapete que os australianos lhe providenciam?# posted by Malai Azul : 00:09 1 comments Dos leitores"Nós não vamos entregar as nossas armas. Quanto aos australianos, eles estão a coordenar connosco os nossos movimentos" - Marcos Tilman (movimento dos peticionários).E estão bem "coordenados" não temos dúvidas.# posted by Malai Azul : 16:05 0 comments

Dos leitores
Poderão dizer o que quiserem.Disseram que os GNR são "pontapeadores de cabeças".Poderão sentir que - realmente - não fizemos muito pelas colónias.Escreviam que apenas tínhamos uma estrada em Timor. é verdade. Só esqueceram um pequeno pormenor - é que as estradas que tinhamos em Portugal nem eram melhores nem muitas mais comparadas às necessidades.Não apoiámos a invasão Indonésia. Não fizemos acordos petrolíferos com eles enquanto os Timorenses morriam pela independência.Sentem os Timorenses esta aversão para com os ex-colonizadores?Sentem distância relativamente aos Malai de 20.000 km mais além? Ou sentem distância relativamente aos Malai do lado?Agora.Quando se montou evacuação, quando se pretendia pôr toda a gente para fora. sabem quantos Portugueses abandonaram voluntariamente o famoso Dili em conflito?...Nenhum.Enquanto se passeava nas ruas assistindo ao queimar de casas, óculos de sol e automáticas em mão vendo algo que não diz respeito durante uma semana - os GNR (os famosos pontapeadores) começam a fazer o seu trabalho.Prender quem queima e destrói em falta de uma polícia efectiva.Não se pinta o português com intenções de boa vontade e de companheirismo - obviamente, estados não fazem favores nem aos seus próprios cidadãos.Contudo - um visto para nacionalidade entre as duas nações - marca a diferença de distância.Quem está realmente mais longe?As distâncias - meus queridos Aussie - medem-se por dentro.Não é só que se apostem carros e motas em Díli pela selecção portuguesa durante o Europeu.Não é só que se encontrem gentes de idade que - orgulhosos - mostram os documentos antigos de nacionalidade Portuguesa como mostra de orgulho durante uma ocupação ignorada pela Austrália.É que - no fundo - as distâncias vêem-se por dentro.As impressões de Luís Costa Ribas, enviado especial da SIC a Timor.
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11 JUNHO Timor-Leste: GNR em patrulha em Cômoro, primeiros contactos com população António Sampaio (Texto) e Manuel de Almeida (Fotos), da agência Lusa Díli, 11 Jun (Lusa) - Cláudio Marçal sai de casa, no labiríntico bairro de Manleuana, arredores de Díli, e ao lado dos quatro filhos vê parar duas viaturas da GNR, saírem os homens e removerem a barreira de pedras e paus."A GNR vem um pouco tarde mas vai recuperar a situação aqui em Díli", comenta, saudando os efectivos portugueses que hoje começaram a efectuar patrulhas na zona exclusiva que controlam, a extensa freguesia de Comoro, na parte ocidental da capital.Nas últimas horas, as viaturas têm percorrido o que é o bairro mais extenso da capital - que se estende do mar ao sopé da montanha e é marcado por uma malha de pequenas ruas estreitas e esburacadas, onde as casas se escondem entre bananeiras e palmeiras.Nas estradas principais, a presença dos efectivos portugueses tem sido reduzida, já que é no interior, em zonas que há muito não são visitados por qualquer agente de segurança, que as primeiras operações de patrulha e reconhecimento estão a decorrer.A equipa de 12 homens, liderada pelo sargento Carvalhais, quer apostar no policiamento de proximidade e percorre, quase sem excepção, todas as ruas da zona, parando sempre que um grupo de timorenses se aproxima.Então, mantém-se uma curta conversa, tenta-se saber quando foi o último incidente, onde pode haver problemas e procura-se, como explicou à Lusa o responsável da equipa, "fazer um mapa de incidentes", detectar as zonas mais problemáticas."Estamos a contactar as pessoas, a conversar com elas, a mostrar que estamos cá, num exercício de confiança", explicou.Aqui e ali, os efectivos portugueses saem dos carros e retiram da estrada as barreiras improvisadas, feitas com paus, pedras, ramos e ferros, que os habitantes montaram, nas últimas semanas, para evitar a progressão dos que destruíram e saquearam dezenas de casas."A situação está mais calma mas a população ainda está preocupada com os outros, os que fugiram. São quase todos da parte leste", explica Marçal, funcionário da Timor Telecom, admitindo que muitos ainda têm medo de vinganças e mais problemas.Domingos, que vive numa das ruas de terra batida do subdistrito de Dom Aleixo, também garante que a situação está melhor, ainda que relembre que, diariamente, os moradores do bairro apostam na segurança."Todos juntos temos feito patrulhas, com familiares, de qualquer maneira, tentamos garantir a segurança aqui. Todas as noites estamos aqui a guardar, porque isto ainda não está seguro", assinala."Agradecemos à GNR, que é bem-vinda e que agora pode ajudar na segurança", disse, relembrando que os boatos ainda continuam e que, por isso, "as pessoas não voltam" para as suas casas.As quatro viaturas da GNR separam-se em grupos de duas. Estão a efectuar turnos de seis horas, marcando passo a passo todo o extenso bairro, um dos mais problemáticos da cidade e de onde, diariamente, continuam a chegar notícias de pequenos incidentes.Só visitam a estrada principal para avançarem, mais rapidamente, para outra zona, para outro aglomerado de casas.Num cruzamento, voltam a sair dos carros e retiram, com a ajuda de vários jovens timorenses, um amontoado de paus e pedras.Joanila Magno Araújo, sai do portão alto da entrada da casa e, com os filhos, saúda a GNR.Aqui, na zona Delta III, de Cômoro, foi o chefe de aldeia que mandou montar a barreira. Agora, "com a ajuda de Deus e com a ajuda da GNR", já não é precisa.Lusa/Fim

Expresso 10.06.2006 JORNAL DE NOTÍCIAS MAUBERE
Os novos rebeldes da montanha

Estão quietos, à espera. Argumentam que não querem uma guerra civil, mas não aceitam outra condição para voltarem das montanhas senão a demissão e o julgamento do primeiro-ministro Mari Alkatiri, que acusam de ter mandado matar civis inocentesTimor é um território tortuoso. As distâncias são mais longas do que parecem e basta sair de Díli para perceber que só há um caminho de ida e volta para chegar a qualquer lugar. As estradas serpenteiam montanhas atrás de montanhas, numa rotina extenuante pela floresta contínua de palmeiras e árvores gigantes com as suas copas em forma de nuvens chatas, fazendo sombra às plantações de café. Foi esta barreira sobre-humana que salvou os timorenses de uma chacina total pelos indonésios, mantendo acesa a luta dos guerrilheiros das Falintil. Agora que voltou a ser usada, quatro anos depois da independência, a montanha está a tentar salvar novamente os timorenses. Desta vez, deles próprios.É uma história complexa, que exige um prólogo: a 28 de Abril, os militares leais ao general Taur Matan Ruak e à hierarquia das FDTL (as Forças Armadas criadas em 2001 com a incorporação de antigos guerrilheiros das Falintil e de novos recrutas) envolveram-se em confrontos com 600 desertores do Exército e centenas de apoiantes civis que se manifestaram ao longo de toda essa semana em frente ao Palácio do Governo.Os desertores exigiam que fossem investigadas algumas altas patentes do Exército (os coronéis Lere Anan e Falur), acusadas de discriminar os soldados loromonos, oriundos dos concelhos mais ocidentais do país, por nem eles nem ninguém das suas famílias terem pegado em armas para lutar contra o regime de Jacarta.Nessa sexta-feira à tarde, com a intervenção das FDTL sobre os manifestantes desarmados, começou a revolta. Desde então, vários grupos de militares loromonos e também de polícias rebeldes foram refugiar-se em locais considerados seguros, no interior do país, perto das terras onde nasceram. Outros incidentes, ao longo do mês de Maio, agravaram o clima de tensão. E aquilo que durante os últimos três anos parecia apenas um atrito interno dentro dos quartéis extravasou por todos os lados, numa animosidade agressiva que corre o risco de se transformar num ódio difícil de sanar entre vizinhos - não importa se civis ou militares.Na capital, os soldados das FDTL estão retidos nos quartéis, sob a vigilância das forças internacionais, mas os conflitos entre os civis nos bairros são inevitáveis. Na prática, é a única cidade no país onde lorosaes (oriundos dos distritos de leste: Baucau, Lospalos e Viqueque) e loromonos (oriundos dos outros distritos, representando dois terços da população) coabitam. Estão demasiado próximos para não se agredirem. E é por isso que as coisas estão tão calmas nas montanhas: lá, eles não se misturam. O que não quer dizer que, à distância, não sintam o conflito.São precisas quase duas horas de carro para ir até Gleno, no concelho de Ermera, a 40 quilómetros de Díli. De vez em quando há patrulhas de soldados australianos e a esquadra local continua a funcionar, mas os australianos não estão a deter ninguém e os polícias são todos loromonos. Não se metem, é gente amiga. Ou família.No mercado ao ar livre qualquer vendedor diz onde está o cabecilha dos 600 desertores conhecidos por peticionários (por terem feito uma petição em Janeiro a Xanana Gusmão, exigindo a investigação dos tais dois coronéis e do próprio general Matan Ruak). O tenente Salsinha e duas ou três dezenas dos seus homens ocuparam um antigo orfanato abandonado. É ali que dormem, sem vidros nas janelas, sem luz ou água. Vestem-se à civil e, aparentemente, não têm armas.Nas paredes do orfanato, alguns soldados reproduziram o que chamam «massacre de Raikotu», desenhando militares armados das Falintil a disparar sobre mulheres e crianças. Todos os rebeldes falam desse momento: a tarde de sexta-feira, dia 28 de Abril, quando ao voltarem da manifestação no Palácio do Governo para Raikotu, no limite ocidental da cidade, já depois do aeroporto e muito perto do quartel-general de Matan Ruak, os peticionários dizem ter sido atacados pelas costas por um batalhão de 105 homens do coronel Lere Anan, o número dois das Forças Armadas. Em Díli, nos bairros loromonos, fala-se de 50 a 60 mortos civis. Os peticionários confessam que não sabem quantos poderão ter sido. «Começámos a dispersar e perdemo-nos de vista uns dos outros», recorda um dos peticionários, Augusto Soares, de 24 anos. «Mas vimos muitos inocentes a serem baleados». Os desertores que se concentraram em Gleno com o tenente Salsinha levaram três dias para fazer o caminho a pé. Sabem apenas que as outras centenas de colegas militares foram para as suas terras, espalhando-se pelos concelhos loromonos do país, mas ainda não têm notícias deles.No hospital nacional de Díli, e de acordo com o director António Caleres Júnior, nesse dia e no dia seguinte deram entrada nas urgências quatro mortos (que foram devidamente identificados ao EXPRESSO, sendo que houve uma quinta vítima internada que viria a falecer duas semanas depois) e mais de 60 feridos.Todos eles civis e todos eles baleados. «Era suposto terem ficado hospitalizados uma ou duas semanas pelo menos, mas naquele fim-de-semana as famílias vieram buscá-los à pressa». Estavam com medo dos militares das Falintil. Metade dos feridos encontrava-se em estado grave. «É possível que, por falta de assistência, parte deles tenha morrido. Não sabemos».A dois quilómetros do orfanato ocupado pelos peticionários, um outro grupo de militares acantonou-se numa casa modesta com dois ou três quartos e alguns anexos. Ao contrário dos peticionários, estão armados e não se consideram desertores. «Eu e o major Tara saímos dos quartéis no dia 3 de Maio e viemos com 32 homens para as montanhas por solidariedade, para defender o povo e os nossos colegas loromonos», explica o major Marcos Tilman.Mais tarde chegaram também 21 polícias civis loromonos, assim que os conflitos dentro da Polícia Nacional de Timor Leste estalaram entre etnias, num contágio em cadeia. Reunidos em Ermera, reorganizaram-se e estão agora a viver como uma unidade militar normal, com o organigrama hierárquico pendurado na porta da casa, postos de vigia montados e uma escala de turnos.Sentem-se tranquilos e, de facto, não parecem correr grandes riscos no seu aquartelamento improvisado. A população está do lado deles e a entrada em Ermera é detectada com muita antecedência, dando-lhes tempo de reacção para se esconderem no mato. Sabem das notícias sobre a remodelação do Governo em Díli, depois do chefe da diplomacia Ramos-Horta ter também assumido a pasta da Defesa, mas isso é manifestamente pouco para os rebeldes. «O primeiro-ministro tem de se demitir e de se submeter ao tribunal internacional. Ele é um criminoso porque deu ordens para disparar sobre pessoas inocentes», argumenta o major Marcos.No dia 7 de Maio, um terceiro grupo ainda veio reforçar as forças rebeldes: o major Alfredo Reinaldo, comandante da polícia militar, com mais 17 homens, também armados e também não se assumindo como desertores. A coordenação operacional dos três grupos foi-lhe passada para as mãos. Colega de carteira dos majores Marcos e Tara no curso para graduados das Forças Armadas em 2001, é o oficial com maior experiência de comando.Um novo episódio obrigou, no entanto, Alfredo a mudar de poiso para a pousada de Maubisse. No dia 23 de Maio, na mesma altura em que os majores Marcos e Tara reuniam com o ministro Ramos-Horta em Suai, não muito longe de Ermera, acertando com ele as condições mínimas para começar um diálogo com o general Matan Ruak, o major Alfredo atacou uma coluna das FDTL, matando dois militares. E a conversa parou ali. Dois dias depois, alguns elementos das Falintil retaliariam, matando em Díli nove polícias loromonos desarmados.Em Maubisse, onde está vigiado por um posto de controlo das tropas australianas, Alfredo continua a ser o líder militar máximo dos rebeldes e está rodeado pelo seu pequeno séquito de homens armados. O EXPRESSO viu-o reunido no domingo passado com Ian Martin, o enviado especial do secretário-geral da ONU para mediar o conflito, com quem trocou sorrisos. Mas as suas certezas, meia hora depois, pareciam continuar inabaláveis: «Não acredito em nada do que Alkatiri diz. Não há diálogo enquanto ele for primeiro-ministro».Muitos jornalistas estrangeiros vêm desiludidos de Ermera e Maubisse com a falta de aparato dos rebeldes, sem imagens que encham o olho na televisão, mas foi precisamente assim que as montanhas enganaram os indonésios. Os caminhos sinuosos pelas florestas altas de Timor parecem esconder sempre mais do que mostram.Reportagem de Micael Pereira (texto e fotografias), enviado a Timor

Washington, 11 Jun (Lusa) - As Nações Unidas só vão decidir sobre o futuro da sua presença em Timor-Leste no dia 20, informaram hoje fontes diplomáticas na ONU.O Conselho de Segurança vai reunir-se esta terça-feira, dia 13, para discutir a situação em Timor-Leste, mas as fontes frisaram que uma decisão sobre a presença da ONU no país só será tomada numa segunda reunião, dia 20.Precisamente nesse dia expira o mandato da actual missão em Timor-Leste, UNOTIL.Um porta-voz da ONU observou, este fim-de-semana, ser agora "bastante claro" que a ONU terá de aumentar a sua presença em Timor.O enviado especial da ONU, Ian Martin, reuniu-se no sábado com o Secretário-Geral, Kofi Annan, para o informar sobre a situação e o futuro da presença da ONU no país.Segundo o porta-voz, compete ao Conselho de Segurança decidir sobre essa questão, mas "obviamente" Annan vai fazer recomendações."É, no entanto, óbvio que a ONU terá de reconsiderar e provavelmente terá de ampliar a sua posição em Timor", acrescentou.Ao deixar Timor-Leste na semana passada, no final de uma visita de avaliação de nove dias Martin declarou que todos no país acreditam ser necessária uma maior presença da ONU.As Nações Unidas têm vindo a reduzir a sua presença em Timor e no mês passado Annan propôs que a UNOTIL fosse substituída por uma "pequena representação integrada" por um período de 12 meses.Essa missão teria apenas 25 "conselheiros policiais" e 10 "oficiais militares de ligação".A eclosão da violência pouco depois de essa proposta ter sido apresentada levou a que o Conselho de Segurança prolongasse por um mês o mandato da UNOTIL, aguardando um relatório de Annan sobre a situação em Timor para decidir sobre o futuro envolvimento no território.Depois de 25 de Maio o Conselho de Segurança "saudou" a decisão da Austrália, Portugal e Malásia de enviarem forças para Timor-Leste a pedido do governo deste país, não se comprometendo, contudo, directamente, com a presença militar ou policial no território.Antes da eclosão da violência, alguns países membros do Conselho de Segurança tinham manifestado a sua oposição à contínua presença de uma missão especial da ONU em Timor.No entanto, analistas consideram que o Conselho de Segurança não terá agora alternativa senão apoiar o fortalecimento da missão com forças militares e policiais.JP. Lusa/fim

11 JUNHO Timor-Leste: Crise só acaba com suspensão do Parlamento - Deputado Manuel Tilman Maubisse, Timor-Leste, 11 Jun (Lusa) - Um grupo de timorenses, em coordenação com militares rebeldes, está a preparar um documento que convença o presidente Xanana Gusmão a formar um governo de transição, para preparar eleições, disse hoje o deputado Manuel Tilman à Lusa.Contactado telefonicamente pela Agência Lusa em Maubisse, a 75 quilómetros a sul de Díli, Manuel Tilman, um dos promotores da iniciativa, salientou que "o estado de calamidade social que se vive no país justifica a suspensão temporária do Parlamento Nacional através de um decreto presidencial"."O Parlamento Nacional já não corresponde à realidade política de Timor-Leste", frisou.Eleito pelo partido Klibur Oan Timor Asuain (KOTA, que obteve 2,13 pc nas eleições de 2001, tendo eleito dois dos 88 deputados do Parlamento Nacional), Tilman recusa nomear "os intelectuais que estão a colaborar nesta iniciativa", de quem diz apenas "representarem os 13 distritos timorenses, e provirem de vários partidos, incluindo a FRETILIN", no poder."Não me peça para revelar os nomes, porque muitos deles são amigos de (primeiro-ministro) Mari Alkatiri e são da parte leste do país. Muitos ficaram com as casas queimadas e receiam pela sua vida", disse.O documento que está a ser preparado em Maubisse, para onde Manuel Tilman diz ter-se mudado desde o passado dia 22, visa conceder a Xanana Gusmão os fundamentos políticos que conduzam à suspensão do Parlamento e à formação de um governo de transição, com a missão de preparar eleições.O texto deverá ser finalizado num encontro de dois dias a realizar até ao final da próxima semana, em local a determinar, e na sua elaboração estão alegadamente a colaborar "reitores e professores universitários, padres e intelectuais"."Queremos ajudar o Presidente a decidir", vincou.Questionado sobre a legitimidade de Mari Alkatiri e da FRETILIN, que venceu as primeiras eleições gerais, em 2001, com 57,37 por cento dos votos, Manuel Tilman respondeu com uma pergunta: "Acha que Mari Alkatiri considera que tem condições para continuar a governar?"."Esta iniciativa (dos intelectuais) é minha e conta com o apoio do major Alfredo Reinado", adiantou.A Lusa falou também com o major Alfredo Reinado, que lidera as forças militares rebeldes e que salientou "ser tempo dos políticos e dos intelectuais tentarem encontrar uma solução"."A força não é a solução", reconheceu.O major Alfredo Reinado abordou ainda os incidentes registados hoje em Maubisse, que atribuiu a "grupos de jovens que se envolveram em confrontos depois de terem bebido"."Os meus homens não estiveram envolvidos", assegurou.EL. Lusa/

Aliás como eu venho dizendo há tempos, tudo isto já os australianos ensaiaram e fizeram nas ilhas Fiji há uma década e mais recentemente nas ilhas Salomão e só desta forma podem ter todo o poder para desfrutarem à vontade do rico negócio do petróleo. Não lhes convém que um governo como o de Mari Alkatiri exija tanta coisa para os timorenses. Mais conveniente seria manipular Xanana e utilizar Ramos Horta, num novo governo em que as decisões difíceis ficariam a cargo destes "Protectores" australianos, como é óbvio.

Timor a 1ª nação do século XXI está prestes a tornar-se (se a ONU aprovar este plano) no 2º protectorado do século...

Aliás, se virmos bem são estas as exigências dos revoltosos na montanha, dalguns líderes de partidos minoritários e pouco representativos (se bem que vocais nestas ocasiões) que temem repetir os resultados das últimas eleições e agora se dizem ameaçados, e de todos os que são facilmente manipulados em troca duns pequenos nadas.

Se recuarmos a 1975 veremos que já na altura se compravam votos com sacos de arroz e transístores, se recuarmos mais vemos sempre como foram os acordos entre as tribos quer contra Portugal quer entre si e contra outras tribos.

O que poucos parecem ver é que Timor que caiu por causa da política do dominó de Kissinger em 1975 está em riscos de cair outra vez e o porta-voz que actualmente domina a cena da comunicação social internacional aparece sempre sendo Ramos Horta, talvez por saber que já não tem margem para chegar a Secretário-geral da ONU e contenta-se com as migalhas de futuro líder de Timor (com ou sem Xanana, porque este é ainda uma incógnita, depois de ter levado ao extremo a sua leitura dos poderes presidenciais na actual constituição...As pressões para que ele continue com todos os poderes actuais mais alguns é um óptimo remédio para um regime semi-democrático, ou se quiserem um regime presidencialista que nas mãos dum bom títere dominado pelos interesses de Camberra poderia ser um óptimo autocrata duma ditadura mais ou menos benévola suportada pelas forças internacionais lideradas pela Austrália. Os interesses do petróleo em jogo são de tal forma elevados que a maioria das pessoas nem se apercebe destas boas intenções e da repetição de que o governo actual falhou. Reparem que o governo que diz isto tudo "a bem de Timor" é o mesmo que acaba de reconhecer ter preso dezenas de cidadãos seus ilegitimamente por pensar que eram ilegais a tentarem imigrar...

Agora que nos massacram todos os dias com a história dos esquadrões de morte (novo acelerar do Plano B, para a deposição do governo), com as reivindicações de soldados desertores e traidores (em férias na Pousada de Maubisse e em Gleno), com as pseudo-ameças contra a vida de líderes de partidos da oposição de quem mal ouvimos uma palavra nos últimos anos, quando se fala em mortos que ninguém viu e cujas famílias não os choram, quando se confinam as forças da GNR ao canto mais problemático de Dili com a ameaça de serem desarmados se não obedecerem ao xerife australiano, quando não se ouvem vozes para a reposição da legalidade constitucional democrática e só se fala num governo de transição que obviamente não terá poderes para fazer nada a não ser o que o xerife mandar, assistimos incrédulos a uma guerra em que os jovens mais cedo ou mais tarde vão deixar de ter o Português como uma das línguas oficiais e depois só arranjarão emprego se falarem o inglês dos seus novos amos.

Creio importante lembrar que nenhum dos políticos timorenses está neste momento a pensar naquilo que seria melhor para o povo timorense. Eles sabem a história de desuniões e de intrigas ancestrais que os caracterizam, mas preocupam-se mais em estabelecer as suas áreas de influência e manter velhos feudos em vez de se unirem a favor da reconciliação nacional. Lembro-me bem durante os anos em que como Correspondente no Estrangeiro para a Lusa, RDP e Público, noticiava de Sydney, o que se passava em Timor sob ocupação indonésia. As reuniões infindas com ramos Horta, João Carrascalão, e esporádicas com Roque Rodrigues, Ágio Pereira e outros porta-vozes da Resistência Timorense, eram caracterizadas por desinteligências profundas e ancestrais ódios mal dissimulados, uma espécie de revanchismo pelas atitudes que cada um tomara no passado. Lembro que em mais duma ocasião ameacei deixei de reportar a luta clandestina até que eles se entendessem e se unisse, alertando-os que o beneficiário directo daqueles desencontros era a Indonésia. Por vezes, foi difícil chegar a um consenso mas conseguiu-se, por isso nada do que se está a passar me surpreende.

Como já escrevi antes em 1997: “O regresso [dos Timorenses a Timor independente] seria marcado por profundas diferenças. Os refugiados da Austrália aceitariam de forma pacífica os colaboracionistas que ali permaneceram, voluntária ou involuntariamente?

Que conexão terão os filhos desses, que colaborando ou não, forçosamente ali ficaram com os que falam inglês ou português? Nenhuma, pois provavelmente apenas poderão comunicar através de Bahasa Indonesia.

Em tal contexto e partindo do princípio que a guerrilha e a oposição civil conseguiam libertar o país do jugo javanês, seriam poupados os milhares de pessoas que coabitaram com os indonésios, como forma de sobreviverem?

Por outro lado, pondo questões morais de parte, temos um ‘fait accompli’ na presença indonésia, por voluntária ausência dos portugueses e lutas internas naquilo que se designou a guerra civil e apenas durou de Agosto a Setembro 1975. Famílias separadas por três continentes sem hipóteses de reunião devem esperar o futuro confiantes de que o bom senso vai prevalecer, com a sua dose de realismo, para permitir àqueles que saíram de Timor se poderem reunir aos que labutam em Portugal, Macau e Austrália. Para os outros há que continuar a insistir em que os organismos internacionais descubram uma fórmula para tornar a situação menos injusta e menos dolorosa.
A SOBREVIVÊNCIA DO POVO MAUBERE DEPENDE APENAS DELE E DA SUA ADAPTAÇÃO, DO SEU QUERER, DO SEU SABER MANTER A CULTURA TRADICIONAL EM ATMOSFERAS HUMANAS MODERNÍSTICAS.
… O governo australiano – depois de silenciosamente ter assistido à destruição da ex-colónia portuguesa – ignora os problemas sociais que diariamente se acumulam e quotidianamente são enfrentados pelos timorenses. As dúvidas, a distância e o tempo não ajudam a sarar as feridas de que enfermam os timorenses aqui residentes. O futuro pode ser ainda mais sombrio do que o passado e o presente…”

Hoje mais do que nunca era importante sabermos que ainda existe um governo a funcionar em Dili. Parece que funciona na maior parte do território. Seria importante saber que medidas Xanana pode ainda implementar sem aprofundar mais as feridas por sarar de tantos timorenses, apoiando-se no ambicioso Ramos Horta cujo limite parece ser o infinito desde que alguém o apoie porque ele acredita que vai chegar lá, seja lá onde for…
A política dos meios de comunicação social australianos seguindo a política governamental (cada vez há menos vozes discordantes nos mass media australianos) tem até à exaustão criado conflitos e denegrido a posição de Mari Alkatiri que querem à força substituir para que as concessões de petróleo e as disputas sobre as fronteiras marítimas sejam resolvidas a favor de Camberra. Todos os dias surgem novidades “Alkatiri criou esquadrões da morte”, “Alkatiri armou a Fretilin”, “Alkatiri mandou matar a oposição”, “o governo de Alkatiri não sabe governar nem tem condições para governar”, “os revoltosos exigem a demissão de Alkatiri”, e tantos outros títulos repetidos até à exaustão em tantas e tantas notícias dos jornais e televisões de todo o mundo. Os EUA (estes EU de Bush nada têm a ver com os EUA de Clinton) têm uma dívida para com a Austrália e o seu apoio à acção norte-americana no Iraque e por isso irão votar a favor de qualquer proposta australiana que surja na ONU. A Grã-Bretanha também tem a sua agenda ligada aos EUA e Austrália e desconhecemos quantos países poderiam apoiar iniciativas portuguesas que contrabalançassem a posição do xerife australiano. Por outro lado, a ASEAN liderada pela Indonésia aproveitará para se vingar da independência de Timor, por mais maturidade que alguns dos seus líderes clamem ter. Não se vislumbra assim nenhum cenário favorável a evitar que Timor se torne num protectorado australiano, de acordo com uma política delineada e premeditada há muito. Será que Timor ainda ode dizer BASTA depois de ter pedido a intervenção estrangeira? E quem o vai fazer se não for Alkatiri?

Xanana pode estar tentado a ceder às inúmeras pressões dos seus amigos australianos e apaziguar os revoltosos deixando cair o actual governo, criando um vácuo constitucional conducente a futuros golpes-de-estado. A Igreja ajudará a dar-lhe o apoio de vastos sectores representativos da sociedade timorense se bem que não referendados pelas urnas. Ramos Horta todos os dias se diz disponível para ficar primeiro-ministro e criticar Alkatiri ou exigir mais um inquérito às alegações sobre este por mais disparatadas que sejam… a ONU só decidirá dia 20 de Junho e até lá continuam a mandar os australiano sem imporem a ordem que isso não lhes convém e por isso queriam a GNR confinada a Cômoro… vão também proteger os revoltosos e todos os que atacarem Alkatiri ou se digam vítimas deste. Vão surgir mais deputados e membros da sociedade timorense a clamar a destituição do governo sempre apoiados por pedidos de inquérito e de várias notícias dos meios de comunicação australianos. Vai haver mais casas ardidas e uns tantos actos de vingança nas casas e propriedades duns tantos para ajuste de contas antigas, e o governo em Dili totalmente manietado vai-se mostrar impotente e logo, incapaz de governar, o que fará erguer ainda mais alto o clamor para a sua substituição em nome dum alegado governo de unidade nacional que só vai fragmentar ainda mais a sociedade entre Fretilin e o resto do país: não era esta a receita da guerra civil em Agosto de 1975? Era, mas foi orquestrada pela Indonésia enquanto agora está a ser orquestrada pela Austrália com a conivência e colaboração activa de nomes sonantes da vida política timorense.
E desculpem a pergunta mas quem é que se vai lixar outra vez? O desgraçado do timorense, desempregado, pobre, inculto pois vai continuar a ser manipulado como sempre foi. Irá fazer o que os líderes lhes mandarem, tal como antigamente faziam quando os régulos e liurais os mandavam. A história repete-se e repete-se mas como ninguém lhes ensinou a ler nem lhes deu livros para ler, não sabem que essa tem sido a sua vocação ao longo de cinco séculos de colonialismos e parecem fadados a repetirem esse ciclo autofágico.
O que parece certo é que vai haver paz em Timor, mesmo que seja a paz podre que já antecipo. O campeonato mundial de futebol vai ajudar a que aquilo que lá se passa fique despercebido por entre os interesses nacionalísticos das equipas de vários países a sonharem com a Taça. As pessoas interessadas irão manter-se interessadas mas os leitores de jornais irão desmotivar e encolher os ombros. Sabe-se bem que Portugal não tem cotação nos mercados diplomáticos internacionais para ombrear com a Austrália e EUA, e limitar-se-á a erguer a sua voz isolada. A CPLP não existe e não se fará ouvir ou será despicienda como é costume, e o Brasil está longe e anda preocupado com os mensalões e outras corrupções.

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